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Mostrando postagens que correspondem à pesquisa por História

Sobre a Água, Sobre a História, Sobre o Direito

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Um destes dias meu pai de 85 anos me disse: "estão dizendo que a água potável vai acabar em 2030. eu não vou estar aqui!" Fiquei calado, pensativo. mas é claro que ele vai estar aqui! mas como falar isso a ele sem parecer meloso ou mesmo pretensioso? fiquei calado! "Pai, o senhor vai estar aqui! vai estar como sempre esteve e como sempre estará. mesmo quando o senhor não for mais 'visível', e mesmo quando eu não for mais 'visível', o senhor vai estar aqui!" A história e os homens se confundem: não somos daqui, dali ou de acolá. somos o ontem que se projetou no agora que se perpetua no amanhã! a cada passo e em cada pegada, cada indivíduo marcou a sua passagem neste existir, principalmente se 'viveu' (para Heidegger, viver é fazer valer a vida, escolher, produzir-se, sofrer, satisfazer-se etc.; existir qualquer coisa existe!). os índios Sioux, dos Eua, diziam (acabaram com todos!) que um homem se conhece pelas pegadas que

Memória e História em termos Kitsch - Revisitando Blade Runner (2019)

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Fonte da foto: IGN.com Uma narrativa contém toda a expressividade da experiência vivida que varia em grau entre a pessoalidade e impessoalidade, entre a identidade (particular) e a personalidade (subjetiva a partir do coletivo); mas de todas as formas tem que ser interpretada. Hayden White (2011, p. 588) indaga com propriedade: “A história é uma atividade interpretativa, qual é sua política?” Aquilo que se lê, pelo plano cultural, superestrutural, portanto, não é o mesmo a cada momento, o que significa que a cada momento uma historiografia se forma com base em um repertório que não e só pessoal, mas sobre a influência de uma memória que não é apenas isso, ela é igualmente impessoal (coletiva). É por aqui que podemos então afirmar que “coletivamente” a memória funciona como o elo de continuidade “do já dado”. Mas mesmo sendo assim, parece irrefutável que para o Ser é inexcusável essa necessidade de recuperação e preservação da memória, possivelmente não tanto pelo repetir do “já

Frederic Jameson: NBA, Jacob Blake e a Cultura do Dinheiro

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Por quê os jogadores da NBA voltarão a jogar após os protestos contra a agressão a Jacob Blake? Estou lendo um autor especial - Frederic Jameson, A Cultura do Dinheiro. No capítulo "Fim da arte" ou "Fim da história", o autor indaga se Hegel tinha razão sobre a afirmação do fim da arte, e se Fukuyama e Kojève o mesmo sobre o fim da história. No caso de Hegel, a superação humana do belo figurativo clássico - como expressão do espírito rumo ao "espírito absoluto", coletivo, expressão da totalidade - se dá na filosofia iluminista que Hegel acreditou ser a Modernidade (na política e no direito esse absoluto se encontra na filosofia do Estado/ Sociedade Civil). No caso de Kojève, um ex-stalinista e um dos formuladores da UE, assim como Fukuyama, o fim da história se dá após o "fim" da guerra fria com a prevalência do sistema capitalista de forma hegemônica na globalização dos mercados e nas políticas neoliberais dos governos. Segund

Pós-Modernidade: a luta por reconhecimento e distributividade (Parte III - Memória e Revolução)

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É importante observar que neste processo de “nadificação” na pós-Modernidade, de predominância do feito sobre o fazer, com a “popularização” do discurso e a “imediaticidade” do observável, a busca por reconhecimento de grupos se coloca em plano para as possibilidades, de um lado, de não se cair em um pessimismo inoperante, de outro, não ser um ativismo sem intencionalidade coletiva. Assim, pode-se indagar sobre quais as fontes referenciais que o sujeito “tem à mão” para construir uma identidade genuína , ver respeitada sua personalidade em um mundo que prima pela indiferença e coisificação tanto quanto pela avidez monetária e perda de sentido histórico. A dinâmica do capital leva ao “globalismo” e à deterioração das fronteiras nacionais, enquanto os grupos sociais se desenvolvem em termos de movimentos específicos e segmentos de “representação”; mas não devemos desvinculá-los e os autonomizar quanto à possibilidade de incorporar suas reivindicações e oportunizá-las coletivamen

CARNAVAL, CENSURA E HOLOCAUSTO

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(Publicado originalmente em 02 de fev de 2008) Em 1936 Graciliano Ramos escreveu "Angústia", quando estava preso nos porões da ditadura de Getúlio Vargas. Em 1970 a Ditadura Militar censurou a música "Apesar de você" de Chico Buarque. Outras centenas de obras de arte e expressões culturais foram duramente perseguidas pela ditadura. Censura é próprio de ditaduras e daqueles que acreditam saber o que é melhor que as pessoas vejam, ouçam, cheirem, falem, sintam... Ou em outras palavras: censura significa que quem vê, ouve, cheira, fala e sente é um "boçal", um "mentecapto", um "energúmeno". Em 1989 para a escola de samba Beija-Flor a "censura" proibiu a exibição de um Cristo. A escola saiu com o Cristo coberto com um plástico preto onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nós". Agora (carnaval 2008) a "censura" proíbe a escola Viradouro de sair com um carro alegórico onde se apresenta o genocídio do nazismo sobr

Só de Sacanagem

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Dia 02 de agosto de 2012. Um dia que ficará na história republicana do Brasil. Pode ficar na história como o dia em que o País voltou a acreditar e ter esperança. Pode ficar na história como o dia em que, definitivamente, o País enterrou a ética e a justiça. Seja o que for que aconteça a partir do dia 02 de agosto de 2012, as instituições políticas e de justiça neste País serão, indelevelmente, julgadas pelo povo brasileiro, a começar pela corte maior de justiça, o Supremo Tribunal Federal. Não se julga apenas o Mensalão e seus protagonistas, o governo e o PT, o Lula e o Marco Valério, as instituições financeiras e os conchaves políticos, a formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta; não se trata apenas disso, mas da vontade de uma Nação inteira em se sentir digna e dignificar seu Direito e seu Brasil. Eu há algum tempo respondi a Rui Barbosa nos mesmos termos, quando no início de nossa República o mesmo desd

Reflexões sobre Machismo

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A teoria defende que o machismo é consequência da especialização da divisão social do trabalho no tempo do desenvolvimento do capitalismo. Isto quer dizer que só se pode conceituar "machismo"  nas sociedades ocidentais a partir do desenvolvimento do modo de produção de mercadorias e por vias de uma certa necessidade de inserir a mulher na produção industrial e reprodução ampliada do sistema de acumulação de capital - o homem na fábrica, a mulher nos serviços de casa (depois da mesma e das crianças já terem sido exploradas na fábrica). A esta inserção da mulher no sistema de livre mercado, Roswitha Scholz ( http://www.obeco-online.org/roswitha_scholz17.htm ) denominou de "dissociação-valor", e é uma das principais teses científicas sobre a essência do machismo e do feminismo. Mas o que nos diz a história sobre isso? Nas sociedades mais antigas, as com alguma organização de poder a força para dominar os indivíduos, provinha de dois lugares, juntos ou separadam

A Identidade Complexa e a Vida Secreta de Frida Kahlo

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O status cultuado e icônico de Frida Kahlo se deve muito a seus autorretratos, em que capturou e interpretou sua própria identidade visual. “ Eu pinto autorretratos porque fico sozinha com muita frequência, porque sou a pessoa que conheço melhor “, disse a artista mexicana  Frida Kahlo . O status cultuado e icônico de Frida se deve muito a seus autorretratos, em que capturou e interpretou sua própria identidade visual. O tema levanta uma questão em uma nova exposição: a imagem pessoal e única de Kahlo era tão central para seu mito e persona como parte de sua obra? E o que seus objetos e estilo pessoal dizem sobre sua vida e sua arte? Durante 50 anos, roupas e outros itens pessoais de Frida ficaram trancados na Casa Azul, onde a artista morava com o marido muralista  Diego Rivera , em  Coyoacán , perto da  Cidade do México . Após a morte da mulher, em 1954, Rivera trancou 6 mil fotos, 300 itens pessoais e 12 mil documentos no banheiro da casa. Quando os artigos foram fi

Livro Ética no Direito